
Ao analisar a economia global com a expansão do Coronavírus há ainda pouca segurança em qualquer previsão, porém é possível imaginar alguns setores que sofrerão mais com a crescente ameaça do covid-19.
A China possui papel fundamental na cadeia produtiva internacional, sendo assim, já em um primeiro momento, todas as indústrias e comércios que vendem ou compram da China devem sofrer algum impacto.
A partir daí passa a ocorrer uma reação em cadeia no mercado: as empresas que possuem relação com as citadas anteriormente começam a sentir também o impacto da paralisação e assim sucessivamente.
Já é possível observar o desabastecimento de produtos de origem chinesa em diversas empresas do Brasil e do mundo. Assim como as compras de matéria-prima reduziram devido às paralisações que ocorrem em ritmo crescente no país Asiático.
Enquanto ainda não temos um processo de “retomada” é impossível aferir o tempo que deverá correr para que haja o reabastecimento e a normalização da produção, e durante esse processo, o quanto os preços devem ser afetados e até qual ponto da cadeia deve sentir o impacto direto. Espera-se que praticamente todas as engrenagens da grande máquina econômica tenha algum reflexo dessa paralisação.
Mercado de Ações
Ao falar sobre os impactos do covid-19 é impossível não comentar sobre o mercado de ações. No final de fevereiro observamos quedas expressivas nas bolsas de valores de todo o mundo.
Este impacto deve-se tanto por relações diretas das empresas com o mercado chinês, quanto pelo receio dos investidores de o temor da população pela doença os mantenha mais dentro de suas casas, cancelando viagens, etc. e à insegurança relativa ao tempo que levará até o fim das paralisações e início do processo de retomada.
Os mercados de ações tendem a ser mais sensíveis a crises como essas devido ao comportamento do investidor ocorrer de forma muito mais irracional nesses ambientes, a crise global nas bolsas não deve ser levada como um termômetro confiável do impacto real do covid-19.
Grande parte desse mercado representa capital especulativo, que ganha com o comércio de ações e não com o resultado das empresas que as ações representam. Por isso, a simples expectativa de queda futura na capacidade dessas empresas em manterem-se lucrativas já é suficiente para derrubar seu valor reconhecido pelo mercado, ainda que, no final das contas, os lucros venham a se manter.
De todo modo não é prudente desconsiderar o impacto que as paralisações já causaram e o tempo que deverão precisar para que a produção se normalize. Fatalmente isso já tem reflexos indeléveis nos resultados dessas empresas nos balanços de 2020.
E eu com isso?
De fato a oscilação pontual do mercado de ações não se traduz em mudança na vida das pessoas, nada muda tão depressa nos supermercados, nas viagens, nas poupanças.
Mas a manutenção de um patamar de produção baixo por um tempo mais longo pode, sim, trazer reflexos importantes, tanto na formação dos preços dos produtos, quanto na sua disponibilidade para aquisição e até na curva de empregos, em um cenário de crise de produção muito demorado.
Aos investidores: prudência e cautela. Aos consumidores: mais ainda de ambos.